O novo perfil do Gestor Financeiro

Com o passar dos anos, só aumentam o número de empresas no Brasil, todavia, ao mesmo tempo que nascem novas organizações, muitas portas se fecham por conta de sua má administração. Tome-se o exemplo da empresa Avianca Brasil, que faliu recentemente, assim como outras companhias aéreas brasileiras que também já não existem mais, ou encontram-se atoladas em amargas dívidas. Normalmente, as Pequenas e Médias Empresas (PMEs), que são maioria no país, dispõem de uma estrutura mais enxuta, onde as tomadas de decisões se concentram nas mãos do próprio dono. Independentemente de sua área de atuação, a Administração Financeira para qualquer porte de empresa é de fundamental importância.

Nesse cenário, o Gestor Financeiro é o profissional que deve dominar, além do conhecimento básico em Gestão Financeira, Tributária e Cobrança, este, por sua vez, também tem o dever de coordenar, monitorar e avaliar as atividades da organização com o uso de dados financeiros atualizados e corretos para manter em dias a saúde financeira da organização. O perfil mais comum e tradicional deste tipo de profissional é dotar de uma personalidade mais sisuda, rígida e pouco simpática. Todavia, o mercado busca hoje outras características que o tornam “mais leve”. Por exemplo, dotar de um espírito criativo, boa comunicação, busca intensa por capacitação e interação com outros setores são as características mais marcantes do moderno Gestor Financeiro. Aliadas a todas essas características, a principal atividade do Gestor Financeiro é o planejamento.

Sabe-se, portanto, que o nosso país está passando por inúmeras mudanças sociais e, principalmente, políticas com o fim de se desenvolver ao longo dos anos. Estas mudanças no cenário econômico nacional repercutem diretamente na atuação das empresas, de modo que cabe ao administrador saber direcionar bem os negócios e aproveitar as oportunidades que o mercado venha a lhe oferecer.

No ano de 2018, novas vagas começaram a serem abertas para quem trabalha nas áreas de finanças e contabilidade. Isso se deu por causa da recuperação econômica do Brasil diante das instabilidades políticas que afetaram fortemente esse mercado, em anos anteriores. Uma consequência bastante visível disto, na época, foi a ascensão de profissionais mais juniores para ocuparem as vagas de nível sênior, que apareceram por conta dessa retração da economia, e consequente corte de gastos nas organizações. Contudo, com a retomada do crescimento econômico no ano passado, essas vagas voltam a ser ofertadas para profissionais mais qualificadas e experientes (GASPARINI, 2017).

De acordo com Alexandre Kalman, sócio da consultoria de recrutamento Hound, uma outra importante mudança no setor será a do perfil requerido dos profissionais da área contábil. Em tempos de crise, as organizações optavam por gestores que olhassem para dentro do negócio, buscando reestruturar dívidas, reduzir custos, e controlar as finanças internas. Entretanto, com a expectativa de retomada do crescimento, torna-se necessário que esse gestor também possua um “olhar para fora” da organização. Dispondo também de uma excelente comunicação, ampla visão de negócios, alta capacidade de argumentação e convencimento, boas relações com as áreas de marketing e vendas, capacidade de liderança, visão técnica e apurada, pensamento estratégico, capacidade analítica de dados, conhecimentos de tecnologia, proatividade, e saber trabalhar em equipe, principalmente com pessoas de formações
diferentes, são características essenciais para esse gestor, que geralmente é formado em ciências contábeis, administração, economia ou engenharia, se dar bem nesse novo cenário de mudanças (GASPARINI, 2017).

Ademais, independentemente do tamanho ou porte da organização, manter a saúde financeira é de extrema importância. Uma boa administração e o equilíbrio entre a Gestão de Contas a Pagar e a Receber é um grande desafio para o Gerente Financeiro. A atual situação do mercado exige integração entre todos os setores organizacionais. Nesse contexto, os setores de vendas, produção, estoque e finanças atualmente passaram
a atuar em conjunto:

“No passado, o Gerente de Marketing executaria a projeção das vendas e os funcionários de engenharia e de produção iriam determinar os ativos necessários para atender a essas demandas e caberia ao administrador financeiro a tarefa de somente levantar os fundos necessários para comprar as fábricas, equipamentos e estoques necessários. Porém, essa situação mudou. Atualmente, as decisões são tomadas de modo muito mais coordenado e o diretor financeiro, geralmente tem responsabilidade direta pelo processo de controle.” (BRIGHAM e HOUSTON, 1999, p.37).

Podemos compreender que o gestor financeiro tem um papel de suma importância para as organizações. Pois, além de se dedicar à gestão dos processos financeiros, esse profissional é responsável pela interpretação de dados contábeis, utilizando ferramentas financeiras cabíveis, que auxiliam na tomada de decisões, objetivando aumentar a geração de caixa, diminuir as despesas e, consequentemente, aumentar o lucro para satisfazer as expectativas dos acionistas.

“Nessa economia competitiva, aumenta cada vez mais a importância de instrumentos de tomada de decisões gerenciais que possibilitem ações rápidas e eficientes para que a empresa possa manter sua participação no mercado, principalmente dentro do contexto da globalização.” (SOUZA, 2012, p.02).

Tome-se o exemplo da influência exercida pelo mercado externo em nosso país com as oscilações do valor do dólar. Isto faz com que o Brasil, um país dependente de importações e exportações em seu mercado, necessite que a moeda americana se mantenha sempre estável. Assim como qualquer produto no mercado, o dólar também tem seu valor diretamente ligado à lei da oferta e demanda, ou seja, quanto maior sua procura, maior seu valor no mercado. Por outro lado, se há baixa procura, consequentemente, seu valor baixa. Dessa forma, notando baixa no preço do dólar, o Governo Federal permanece na busca de alternativas para mantê-lo estável, inclusive desvalorizando nossa moeda, visando tornar o país mais atraente aos olhos dos investidores estrangeiros.

Fatores externos também exercem influências na atuação do gestor de finanças, que deve manter-se sempre atualizado e atento às políticas econômicas, crises e situações críticas que possam influenciar a economia do país, mudanças na legislação tributária e as taxas de juros aplicadas. Se manter atento a esses fatores poderá ser
importante quando for necessário escolher o melhor momento de financiar, cortar gastos, sinalizar ao setor de compras que os prazos ou preços estão desinteressantes, ou até mesmo aproveitar o melhor momento de adquirir mais equipamentos, aproveitando as melhores oportunidades.

“Isso vai obrigar o profissional de finanças a conhecer todos os produtos e serviços, descobrindo onde eles são competitivos ou não. Contribuindo com métricas de retorno, ele vai ser mais ouvido na organização. (…) Se um produto não tem rentabilidade, o caminho está errado. Isso pode ser provado com métricas financeiras, e números não mentem.” (INOHARA, 2012).

Assim sendo, o contexto atual de globalização é de extrema competitividade, levando-se em consideração o avanço tecnológico que cresceu em velocidade inimaginável, pouco tempo atrás. Todas essas mudanças tornam indispensável que as organizações busquem o aperfeiçoamento e literalmente “corram atrás” para acompanhar todo esse movimento. Nesse contexto, podemos afirmar que profissionais e gestores financeiros são mais que responsáveis pela administração orçamentária, estes, por sua vez, precisam se aperfeiçoar na busca pela eficiência e eficácia de seus serviços com fim de manter saudável as economias da organização.

REFERÊNCIAS
BRIGHAM, Eugene F.; HOUSTON, Joel F. Fundamentos da Moderna Administração Financeira. 1ª Ed. São Paulo, Campus, 1999.

 

GASPARINI, Claudia. O mercado vai ferver para estes cargos de finanças em 2018. Exame, [S. l.], 18 dez. 2017. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/carreira/o-mercado-vai-ferver-para-estes-cargos-de-financas-em-2018/>. Acesso em: 29 ago.
2019.
INOHARA, André. Gestor financeiro nas pequenas e médias empresas tem desafio de assessorar o empreendedor sobre o valor do negócio. I am Cham Brasil 100, São Paulo, 14 mar. 2012. Disponível em: http://www.amcham.com.br/regionais>. Acesso
em 29 de ago. 2019.
SOUZA, Valquíria Santana. Perfil do gestor financeiro das microempresas do ramo de lavanderias de jeans em Goiânia. 1ª ed., Especialize. Revista On Line, IPOG, 2012. Disponível em: < https://www.ipog.edu.br/download-arquivo-site.sp?arquivo=perfil-do-gestor-financeiro-das-microempresas-do-ramo-de-lavanderias-de-jeans-em-goiania-9168109.pdf>. Acesso em: 31 ago. 2019.

 

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Publicado em: 1 de outubro de 2019