O turismo tem crescido significativamente nos últimos tempos. Em uma pesquisa realizada em setembro deste ano pelo Ministério do Turismo (MTur) mostra que a intenção de viagem do brasileiro para os próximos meses atingiu o maior percentual do ano, 24,3%, cerca de 8% a mais em relação a setembro do ano passado. Vale destacar a recente mudança que o turismo sofreu, abrindo um leque de possibilidades de viagens e visitas a lugares antes nunca cogitados.

O turista pode basear sua viagem fundamentada em experiências anteriores. O consumidor tem interesse em repetir experiências memoráveis quando elementos-chave são garantidos (Zauberman et al, 2008). É a partir desse contexto que surge o “turismo nostálgico”, que consiste na afluência de migrantes que retornam a sua comunidade de origem por períodos curtos (Reyes et al, 2009).

No entanto, alguns autores podem dizer que toda viagem baseia-se em um “turismo movido a nostalgia”, dado que o consumidor vai buscar (se já teve) reviver determinadas experiências ou (se ainda não teve) sentir novas experiências.

Vale destacar que o termo nostalgia era considerado no século XVIII como uma doença que trazia melancolia. A origem da palavra “nostalgia” é baseada em duas raízes gregas: “nostos“, que significa “retornar a terra nativa” e “algos“, significando “dor, sofrimento ou tristeza” (Silva e Botelho, 2019 aput Holak & Havlena, 1992; Sedikides, Wildschut, & Baden, 2004; Sedikides & Wildschut, 2018). Ou seja, diante dessa perspectiva o consumidor procura experiências baseadas na dor e no medo (de reviver um momento do passado). Diferente da saudade que se refere a um momento específico, a nostalgia relaciona-se com lembranças muitas vezes trazidas através de uma sensação, cheiro, gosto, etc. Nostalgia segundo Brambilla e Vanzella (2017) é a ideia de que o passado era melhor, remetendo a memórias que nem sequer temos ligação, mas que nos conforta e nos estabiliza frente ao nosso presente marcado por turbulências.

Diante disso, torna-se impossível ter noção exata da intenção de viagem do consumidor, dado que esse “consumo de experiência” vai variar de pessoa para pessoa. Cabe ao administrador, através do uso de dados estatísticos (pesquisa de mercado), saber como agir diante desse novo mercado.

 

REFERÊNCIAS:

Brambilla, A. Vanzella. E; Enoturismo: a cultura, o vinho e o turismo – João Pessoa: Editora do CCTA, 2017.

REYES, Rafael G. M. et al. Impacto del turismo nostálgico y las remesas familiares en el desarrollo de comunidad rural oaxaqueña. Migración y desarrollo, n. 12, p. 69-88, 2009.

SEDIKIDES, C., WILDSCHUT, T., & BADEN, D. (2004). Nostalgia: Conceptual Issues and Existential Functions. (in) The Handbook of Experimental Existential Psychology, Greenberg, J. New York, 200-214.

SILVA, M. L. P.; HOR-MEYLL, L. F. Nostalgia de Experiências Memoráveis e a Revisita a Locais de Turismo. Revista Brasileira de Marketing, v. 16, n. 4, p. 535-548, 2017.

Autor dos posts

Publicado em: 4 de novembro de 2019