A gestão social emerge através de um paradigma democrático de gestão voltado a atender a sociedade e o bem-comum. Essa forma de gerir está associada aos movimentos sociais, as Organizações Não Governamentais (ONGs), aos conselhos gestores de políticas públicas e a todas as formas de organização que clamam formar uma opinião pública e que seja capaz de influenciar em decisões políticas.
Nesse contexto, a partir da discussão acerca da gestão pública e privada, e das organizações do terceiro setor, forma-se o conceito da gestão social. A gestão social emerge no ambiente público, na qual se sobressaem as organizações públicas não-estatais e o interesse da sociedade. Para Gomes et al. (2008, p. 59)
“[…] pensar em gestão social, é pensar além da gestão de políticas públicas, mas sim estabelecer as articulações entre ações de intervenção e de transformação do campo social, que é uma noção mais ampla, e que não se restringe à esfera público-governamental, como vemos a exemplos das ações de responsabilidade social e do crescimento do terceiro setor”.
É um modelo de gestão onde o seu processo de tomada de decisão é coletivo, sem coerção, onde existe diálogo, baseado numa linguagem acessível e na transparência de informações. Segundo Cançado (2014, p. 84)
Por seu próprio constructo, que prevê a emancipação e acredita no potencial do indivíduo enquanto protagonista de sua própria história, a gestão social pode ser considerada uma utopia pelos “praticantes” da administração tradicional. Neste sentido, a gestão social pode promover mudanças no próprio mainstream da área. Por outro lado, por se configurar como um campo ainda em construção, novas abordagens devem aparecer nos próximos anos.
A gestão social se utiliza de ferramentas e características mais humanas para o desenvolvimento de suas atividades, isso faz com que nem todos os tipos de gestões utilizadas nas organizações sejam sociais. A utilização da gestão social como meio proporciona espaços para que os indivíduos da sociedade utilizem meios de participar na mesma proporção e pé de igualdade das atividades de cunho social. Um processo de tomada de decisão que proporcione liberdade de expressão e clareza de informações exemplifica a atuação da gestão social. Já a gestão social como fim, proporciona caminhos para o social, isto é, atividades que possuem como foco diretamente o resultado. Uma atividade de reflorestamento exemplifica a atuação da gestão social como fim. A gestão social é um modelo de gestão que, por conta de suas características e objetivos, passará a ser cada vez mais visto como uma alternativa aos modelos tradicionais de gestão na configuração de um novo padrão das relações entre Estado, empresas e sociedade como forma de enfrentamento das problemáticas mais contemporâneas.
REFERÊNCIAS
CANÇADO, A. C. Gestão Social. In: BOULLOSA, Rosana de Freitas (org). Dicionário para a formação em gestão social. Salvador: CIAGS/UFBA, 2014. p. 80-84.
GOMES, G. da S.; OLIVEIRA, E. M. de; ANDREACI, C.; MORAES, N. R. de; ROZA, F. L. da; AMARAL, L. D. P. do; AMORIN, P. D. F.; MARTINELLI, E. L.; BOWERCK, D. A.; MOREIRA, S. R. da S.; SANTANA, L. G.; TORRES, L. V. N. Residência Social & EaD: alternativas multireferenciais nos estágios de graduação na UNITINS. In CANÇADO, A. C.; SILVA JR, J. T.; SCHOMMER, P. C., RIGO, A. S. Os desafios da formação em gestão social. Palmas-TO: Provisão, 2008.